dc.description | O ano de 2020 foi marcado por uma pandemia do novo coronavírus (Covid-19), tendo
seus primeiros casos registrados, no Brasil, em fevereiro do mesmo ano (RODRIGUES,
2020). Tal evento afetou de forma negativa todo o mundo, tendo o vírus se disseminado de
forma repentina. Segundo registros da Organização Mundial da Saúde (OMS), até o mês de
agosto de 2020, mais de 41 milhões de pessoas contraíram a doença no mundo (BRASIL,
2020), e delas, cerca de um milhão morreram por complicações derivadas da ação do vírus.
Em se tratando de doenças virais, historicamente o Brasil já presenciou, no início do século
XIX, o surto de doenças como a febre amarela e a gripe espanhola (USP, 2020).
Com a Covid-19 trazendo altos índices de casos e óbitos, medidas preventivas tiveram
que ser tomadas de modo imediato (BRASIL, 2020), fazendo com que a população se
adaptasse às mudanças, agindo conforme essas ações de caráter urgente. No Brasil, vários
setores foram afetados de forma negativa, entre elas, as organizações, trazendo como primeira
ação do governo a Medida Provisória Nº 927, de 22 de março de 2020 (BRASIL, 2020). No
aspecto da cultura organizacional, várias empresas tiveram que fazer a transição do trabalho
presencial para o teletrabalho e trabalho remoto.
A Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (SOBRATT) descreve o
teletrabalho como: “toda modalidade de trabalho intelectual, realizado à distância e fora do
local sede da empresa, através de tecnologias da informação e comunicação, regido por um
contrato escrito, mediante controle, supervisão e subordinação” (SOBRATT, 2020, p. 7). Ou
seja, um modo de trabalho que pode ser realizado fora da empresa, abrangendo outros espaços
além da residência do funcionário. Já o home-office se caracteriza quando os trabalhadores
“realizam a maior parte do trabalho na própria residência; fora, portanto, do escritório da
empresa ou de qualquer outro tipo de ambiente físico profissional” (BARROS; SILVA, 2010,
p.73).
Sobre essa mudança, Mello (2020), em seus estudos, concluiu que cerca de 46% das
empresas analisadas incluíram o trabalho remoto como meio alternativo para driblar futuros
prejuízos causados pela pandemia. Este foi um momento de adaptação para muitos
trabalhadores, dentre eles, o psicólogo do trabalho que, atuando no contexto organizacional,
também sofreu estas transformações, vivenciando os efeitos da pandemia no aspecto da saúde
mental.
Apontando estes fatores, é construída uma pergunta norteadora: quais os fatores que
repercutiram no âmbito da saúde mental dos trabalhadores da Psicologia do Trabalho no
contexto da Covid-19? De maneira mais descritiva, o artigo propõe analisar a atuação do
profissional de Psicologia no trabalho dentro das organizações, seu desafio no manejo de
demandas trazidas pelos trabalhadores e os efeitos do cenário pandêmico para o profissional,
sobretudo no aspecto da saúde mental. | pt_BR |